quinta-feira, 7 de julho de 2011

O que é a ansiedade e como ela acontece


O que é a ansiedade? Como ela nasce? A ansiedade é um estado psíquico agitado provocado pela sensação de perda de “valores” que causam tensões no corpo e podem levar ao estresse e, até mesmo, à exaustão. Vou analisar como isso acontece realmente. Fomos, ao longo de milênios, programados a projetar os nossos pensamentos, criando, assim, os ideais. Com base neles (nos ideais) associamos fictícios valores ao que precisamos, ou melhor, ao que achamos que precisamos. Não estou falando das reais necessidades do corpo. Esses valores são valores sociais e não valores vitais, reais. Eles – esses valores – passaram a ter fortes significados em nossas vidas, porque psicologicamente nos vinculamos a eles, mas eles são fictícios, artificiais. São invenções de uma sociedade que está estruturada no que é falso, no que é fictício.
    Nessas condições, quando traçamos metas a serem alcançadas, acontece que deixamos de lado o que é o mais importante em nossas vidas: o Presente. Não falo do que pensamos sobre o Presente, que é o presente-pensamento ou o presente pensado, que dá no mesmo. Pois, o verdadeiro Presente escapa ao pensamento, pois ele é atemporal e adimensional. Não podemos pensar sobre ele, mas nele – estando presente - podemos pensar com lucidez. Melhor explicando, quando se está vivendo no Verdadeiro Presente, pode-se fazer uso do pensamento quando isso realmente se fizer necessário. A grande diferença aqui, é que o pensamento está sendo usado pela Consciência e não, o pensamento fazendo (criando) a consciência como normalmente acontece.  A consciência gerada pelo pensamento é fragmentária e fragmentadora, pois é a consciência relativa, que é a consciência nascida das relações espaços-temporais de fragmentos de memórias, de partes soltas, e não a Consciência Verdadeiramente holística, global e completa.  
 Por trás da ansiedade, encontra-se sempre o medo. Este é um sentimento negativo que está fixado na raiz mestra do psiquismo humano. Pois quando fazemos projeções futuras, com nossos pensamentos, “acendemos”, geramos o medo que está sempre a nos dizer: 
1) – Cuidado!, não se esqueça dos seus compromissos firmados consigo mesmo; 
2) – O que você está fazendo agora, no presente, é bobagem se ele lhe afasta dos seus objetivos; 
3) – Seus objetivos são as coisas mais importantes de sua vida, etc. 
Vou analisar cada uma das frases, acima, fixadas pelo pensamento. A primeira pede para que não nos esqueçamos dos nossos compromissos. Esses compromissos estão fixados em valores que foram firmados e alimentados por uma sociedade que é dominada pelo pensamento que ambiciona chegar ao sentimento de satisfação total, de completude. Só que, na verdade, essa satisfação total e não fugidia e a completude não podem ser conquistadas pelo pensamento, pois, foi exatamente pelo domínio do pensamento sobre a Verdadeira Consciência que o sentimento de insatisfação e de incompletude se instalaram na mente humana. A segunda cobrança do pensamento é para verificarmos se o que estamos fazendo, no presente, está de acordo com nossos compromissos, com nossos ideais, pois, se não, devemos largá-lo ou resistirmos à ação psicologicamente. Porém, se está de acordo com o planejado: está tudo bem e, assim, devemos fortalecer o vínculo, a identificação. Pessoal, o fortalecimento do vínculo, da identificação, não passa de uma sutil fuga AO QUE É. Só um expectador imparcial, destacado é que pode perceber isso: essa artimanha enganadora do pensamento para dar continuidade ao seu próprio movimento. Por último, o pensamento diz: seus objetivos são as coisas mais importantes da sua vida, pois, sem eles, você passará a ser uma criatura sem sentido, sem esperanças e, assim, estará fadada ao fracasso e a desgraça. Com essa artimanha, o pensamento fecha todo o ciclo e realimenta esse sistema vicioso e interminável. Quando os objetivos, os ideais não são traçados pela Verdadeira Inteligência que está sempre em fase com o Aqui e Agora (o Presente), os resultados são catastróficos para o indivíduo. Isso pode não ser bem visível aos “olhos” condicionados, pois, os dilatados espaços de tempo entre causas e efeitos enganam a mente condicionada. Fazem ela perder a seqüência, o fio da meada, mesmo dentro desse falso continuum espaço-tempo. 
Uma coisa que o pensamento nunca diz e nunca o irá dizer é que no Verdadeiro Presente, o Ser pode fazer tudo, inclusive, projetar ideais e realizá-los sem pressa alguma. Pois, para que a pressa se já se tem tudo o que realmente se necessita? Algumas coisas, ações – mesmo para o Ser – necessitam ser realizadas, mas isso é feito dentro da inteireza e nunca se constitui num problema e nem arrebata a mente do estado de Presença. Só no verdadeiro presente é que existe a verdadeira Felicidade, a verdadeira Paz. Toda corrida humana para conseguir realizar pensamentos ambiciosos e, principalmente, gananciosos, afasta-nos do Presente. 
 O mais estranho de tudo isso, é que a autonomia do pensamento nos tira, arrebata-nos do Verdadeiro estado de Felicidade, e, na seqüência, o próprio pensamento diz: vamos correr atrás de nossas felicidades; vamos encontrá-la, custe o que custar. 
 A coisa mais importante que pode existir é a nossa completa atenção ao que nos esta acontecendo e ao que estamos fazendo no Presente. O resto faz parte da grande ilusão.
 Vinícius G A Guerra.
extraido do site:  www.krishnamurti.org.br