Teso
O teu Corpo
Sobre o meu
incendeia
os
elétrons
Bailarinos
que
ensaiavam o teu
encaixe
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
A flor da pele....
É sempre
a Pele na pele
por inteira
e sem arrudéios
espontâneo hábil
manipresto
eu ego
e não nego...
Ju Nuñez
É sempre
a Pele na pele
por inteira
e sem arrudéios
espontâneo hábil
manipresto
eu ego
e não nego...
Ju Nuñez
sábado, 17 de setembro de 2011
ecce mulier
eCcE, mUlIer
l U a
T u a f a c e
c H e I a,
m e c h e
n o q u e t a v a
e s q u e c i d o,
M a Is n à o
A d O r m E c I d O.
vIvE.
F l u E
dEsAgUa
E aCaLmA A aLmA AmAdA
sEnTiR pUlSaR
É vOlTaR EsPeRaR
eCcE, mUlIer
Juliana Nunez
l U a
T u a f a c e
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M a Is n à o
A d O r m E c I d O.
vIvE.
F l u E
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E aCaLmA A aLmA AmAdA
sEnTiR pUlSaR
É vOlTaR EsPeRaR
eCcE, mUlIer
Juliana Nunez
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Que falta nessa cidade?
Que falta nesta cidade?…………….Verdade
Que mais por sua desonra?………..Honra
Falta mais que se lhe ponha……….Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.
Quem a pôs neste socrócio?……….Negócio
Quem causa tal perdição?………….Ambição
E o maior desta loucura?……………Usura.
Notável desventura
de um povo néscio, e sandeu,
que não sabe, que o perdeu
Negócio, Ambição, Usura”.
Gregório de Matos
Que falta nesta cidade?…………….Verdade
Que mais por sua desonra?………..Honra
Falta mais que se lhe ponha……….Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.
Quem a pôs neste socrócio?……….Negócio
Quem causa tal perdição?………….Ambição
E o maior desta loucura?……………Usura.
Notável desventura
de um povo néscio, e sandeu,
que não sabe, que o perdeu
Negócio, Ambição, Usura”.
Gregório de Matos
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Sou do contra
Por um instante prendo a respiração
na fração suspensa do tempo parado.
O pensamento se desprende e ganha o imperceptível
protegido pela cortina de pó quando toda a literatura do mundo
parece um pé na estrada ou um uivo distante.
Pensar é melhor quando se está parado?
A resposta sopra no vento contra tudo e contra todos.
Vento que sequer consegue
ir aos confins da beira do caos,
até que um dia desejou estar com Salvador Dalí.
Para o mais longe dali,
onde um Cristo de São João abdicasse da cruz
em honra à persistência da memória.
Daí, cresço no fogo e no ar,
forjando o tempo no tempo onde o tempo tinha tempo
de esculpir e encarnar o que antes cuspia e escarrava
até que fossem expulsos das gargantas
os resquícios mais mundanos.
Por um instante prendo a respiração
na fração suspensa do tempo parado.
O pensamento se desprende e ganha o imperceptível
protegido pela cortina de pó quando toda a literatura do mundo
parece um pé na estrada ou um uivo distante.
Pensar é melhor quando se está parado?
A resposta sopra no vento contra tudo e contra todos.
Vento que sequer consegue
ir aos confins da beira do caos,
até que um dia desejou estar com Salvador Dalí.
Para o mais longe dali,
onde um Cristo de São João abdicasse da cruz
em honra à persistência da memória.
Daí, cresço no fogo e no ar,
forjando o tempo no tempo onde o tempo tinha tempo
de esculpir e encarnar o que antes cuspia e escarrava
até que fossem expulsos das gargantas
os resquícios mais mundanos.
Nathan sousa
Á Bob Dylan
quinta-feira, 7 de julho de 2011
O que é a ansiedade e como ela acontece
Enviado por Vinícius G A Guerra em qua, 18/05/2011 - 12:20
O que é a ansiedade? Como ela nasce? A ansiedade é um estado psíquico agitado provocado pela sensação de perda de “valores” que causam tensões no corpo e podem levar ao estresse e, até mesmo, à exaustão. Vou analisar como isso acontece realmente. Fomos, ao longo de milênios, programados a projetar os nossos pensamentos, criando, assim, os ideais. Com base neles (nos ideais) associamos fictícios valores ao que precisamos, ou melhor, ao que achamos que precisamos. Não estou falando das reais necessidades do corpo. Esses valores são valores sociais e não valores vitais, reais. Eles – esses valores – passaram a ter fortes significados em nossas vidas, porque psicologicamente nos vinculamos a eles, mas eles são fictícios, artificiais. São invenções de uma sociedade que está estruturada no que é falso, no que é fictício.
Nessas condições, quando traçamos metas a serem alcançadas, acontece que deixamos de lado o que é o mais importante em nossas vidas: o Presente. Não falo do que pensamos sobre o Presente, que é o presente-pensamento ou o presente pensado, que dá no mesmo. Pois, o verdadeiro Presente escapa ao pensamento, pois ele é atemporal e adimensional. Não podemos pensar sobre ele, mas nele – estando presente - podemos pensar com lucidez. Melhor explicando, quando se está vivendo no Verdadeiro Presente, pode-se fazer uso do pensamento quando isso realmente se fizer necessário. A grande diferença aqui, é que o pensamento está sendo usado pela Consciência e não, o pensamento fazendo (criando) a consciência como normalmente acontece. A consciência gerada pelo pensamento é fragmentária e fragmentadora, pois é a consciência relativa, que é a consciência nascida das relações espaços-temporais de fragmentos de memórias, de partes soltas, e não a Consciência Verdadeiramente holística, global e completa.
Por trás da ansiedade, encontra-se sempre o medo. Este é um sentimento negativo que está fixado na raiz mestra do psiquismo humano. Pois quando fazemos projeções futuras, com nossos pensamentos, “acendemos”, geramos o medo que está sempre a nos dizer:
1) – Cuidado!, não se esqueça dos seus compromissos firmados consigo mesmo;
2) – O que você está fazendo agora, no presente, é bobagem se ele lhe afasta dos seus objetivos;
3) – Seus objetivos são as coisas mais importantes de sua vida, etc.
Vou analisar cada uma das frases, acima, fixadas pelo pensamento. A primeira pede para que não nos esqueçamos dos nossos compromissos. Esses compromissos estão fixados em valores que foram firmados e alimentados por uma sociedade que é dominada pelo pensamento que ambiciona chegar ao sentimento de satisfação total, de completude. Só que, na verdade, essa satisfação total e não fugidia e a completude não podem ser conquistadas pelo pensamento, pois, foi exatamente pelo domínio do pensamento sobre a Verdadeira Consciência que o sentimento de insatisfação e de incompletude se instalaram na mente humana. A segunda cobrança do pensamento é para verificarmos se o que estamos fazendo, no presente, está de acordo com nossos compromissos, com nossos ideais, pois, se não, devemos largá-lo ou resistirmos à ação psicologicamente. Porém, se está de acordo com o planejado: está tudo bem e, assim, devemos fortalecer o vínculo, a identificação. Pessoal, o fortalecimento do vínculo, da identificação, não passa de uma sutil fuga AO QUE É. Só um expectador imparcial, destacado é que pode perceber isso: essa artimanha enganadora do pensamento para dar continuidade ao seu próprio movimento. Por último, o pensamento diz: seus objetivos são as coisas mais importantes da sua vida, pois, sem eles, você passará a ser uma criatura sem sentido, sem esperanças e, assim, estará fadada ao fracasso e a desgraça. Com essa artimanha, o pensamento fecha todo o ciclo e realimenta esse sistema vicioso e interminável. Quando os objetivos, os ideais não são traçados pela Verdadeira Inteligência que está sempre em fase com o Aqui e Agora (o Presente), os resultados são catastróficos para o indivíduo. Isso pode não ser bem visível aos “olhos” condicionados, pois, os dilatados espaços de tempo entre causas e efeitos enganam a mente condicionada. Fazem ela perder a seqüência, o fio da meada, mesmo dentro desse falso continuum espaço-tempo.
Uma coisa que o pensamento nunca diz e nunca o irá dizer é que no Verdadeiro Presente, o Ser pode fazer tudo, inclusive, projetar ideais e realizá-los sem pressa alguma. Pois, para que a pressa se já se tem tudo o que realmente se necessita? Algumas coisas, ações – mesmo para o Ser – necessitam ser realizadas, mas isso é feito dentro da inteireza e nunca se constitui num problema e nem arrebata a mente do estado de Presença. Só no verdadeiro presente é que existe a verdadeira Felicidade, a verdadeira Paz. Toda corrida humana para conseguir realizar pensamentos ambiciosos e, principalmente, gananciosos, afasta-nos do Presente.
O mais estranho de tudo isso, é que a autonomia do pensamento nos tira, arrebata-nos do Verdadeiro estado de Felicidade, e, na seqüência, o próprio pensamento diz: vamos correr atrás de nossas felicidades; vamos encontrá-la, custe o que custar.
A coisa mais importante que pode existir é a nossa completa atenção ao que nos esta acontecendo e ao que estamos fazendo no Presente. O resto faz parte da grande ilusão.
Vinícius G A Guerra.
extraido do site: www.krishnamurti.org.br
sábado, 18 de junho de 2011
QUALQUER VIDA É MUITA
DENTRO DA FLORESTA
Se a gente olha de cima parece tudo parado.
Mas por dentro é diferente,
A floresta está sempre em movimento.
Há uma vida dentro dela que se transforma
Sem parar.
Vem o vento.
Vem a chuva.
Caem as folhas,
E nascem novas folhas.
Das flores saem os frutos.
E os frutos são alimento.
Os pássaros deixam cair sementes.
Das sementes nascem novas árvores.
E vem a noite.
Vem a lua.
E vêm as sombras
Que multiplicam as árvores.
As luzes dos vagalumes
São estrelas na terra.
E com o sol vem o dia.
Esquenta a mata.
Ilumina as folhas.
Tudo tem cor e movimento.
(GRUBER, Jussara [org.] O livro das árvores.)
domingo, 12 de junho de 2011
"Você é o mundo." Esta é uma das colocações deKrishnamurti que causam confusão. Osho, Você poderia dizer algo sobre isso?
A colocação de J. Krishnamurti de que "Você é o mundo" não é confusa de maneira alguma. É muito simples; é necessário apenas uma pequena inteligência para compreendê-la.
Podemos tentar abordar a colocação a partir de muitas diferentes direções. O mundo é apenas um nome; o indivíduo é a realidade. Você pode continuar tentando encontrar o mundo em toda parte e não irá encontrá-lo; você sempre encontrará o indivíduo.
Palavras como o "mundo," a "sociedade," a "religião," a "nação," são meras palavras sem nenhum conteúdo por trás delas — caixas vazias.
Exceto você, não existe mundo.
Essa é uma maneira de compreender a colocação: que o indivíduo é a única realidade. E o mundo não é nada mais do que a coletividade de indivíduos, então, seja lá o que for, é uma contribuição de indivíduos. Se for feio, você contribuiu para a feiúra. Se estiver cheio de ódio, inveja, raiva, ambição, cobiça, você contribuiu para todo este inferno no qual estamos vivendo. Você não pode jogar a responsabilidade em alguém mais; você tem de aceitar a responsabilidade sobre os seus próprios ombros.
Esta é outra maneira de compreender a colocação "Você é o mundo."
Estamos continuamente passando a responsabilidade adiante. Se existe guerra, se existe um Adolf Hitler, um Ronald Reagan, torna-se fácil para nós apontar para essas pessoas e dizer que elas são responsáveis. Mas quem as cria?
Adolf Hitler é nossa contribuição. Sem nós, ele é um ninguém. Ronald Reagan não é nada além da nossa opinião. É o nosso voto, é o nosso apoio.
Então, no momento em que você condena alguém, lembre-se: você está condenando a si mesmo. Seja lá o quão indireta seja a sua contribuição, ela existe.
É possível viver como um monge jaina ou um monge budista ou um monge católico num mosteiro, completamente fechado no que concerne ao mundo. Existem mosteiros no Tibet...havia muitos na China antes da revolução comunista. Existem alguns na Europa com uma longa e estranha história. O mosteiro em Athos, na Europa, tem mil anos de existência. Em mil anos, seja quem for que tenha entrado no mosteiro, não saiu vivo. Você apenas entra: uma vez monge, monge para sempre. E o mosteiro não permite que os seus ocupantes saiam para o mundo; são trazidos para fora apenas quando estão mortos.
Você acha que eles não são responsáveis por Adolf Hitler? Eles não são responsáveis por guerras mundiais? Aparentemente não... Como se pode responsabilizar essas pessoas? — que deixaram o mundo, que nunca olharam para trás, que se desconectaram do mundo.
Mas, ainda assim, eu lhes digo que eles são responsáveis. São responsáveis por escapar — eles escaparam da sua responsabilidade. Não faz qualquer diferença.
Os monges budistas, os monges jaina, os monges hindus não participam das atividades mundanas. Mas você pode contribuir de uma maneira positiva ou você pode contribuir de uma maneira negativa.
Você pode colocar fogo nessa casa — essa é a maneira positiva, a maneira ativa. Você pode ficar ao lado, de pé, na rua e não fazer nada para apagar o fogo — essa é a maneira negativa. Mas ambas são responsáveis.
A pessoa negativa não parece tão responsável, mas a sua responsabilidade é absolutamente igual — porque existe um equilíbrio na vida.
Você pode ser contra a guerra, pode ser um pacifista, pode ser um manifestante crônico — sempre com uma bandeira protestando contra a guerra, contra a violência. Naturalmente, você pode dizer, "Como posso ser responsabilizado?" Mas a vida é um fenômeno complexo.
Os seus protestos, o seu pacifismo, a sua luta contra a guerra ainda é parte da guerra; você não é um homem de paz. E você pode observar isso quando as pessoas protestam — a sua raiva, a sua violência é tão óbvia que a gente pensa por que essas pessoas estão protestando contra a guerra. Elas deveriam se juntar a algum lado da guerra — elas estão cheias de raiva, ódio. Elas simplesmente escolheram ter um terceiro lado atrás de um nome bonito — "paz."
Uma boa máscara, mas por dentro está a mesma raiva, o mesmo ódio, a mesma violência, a mesma destrutividade contra qualquer pessoa que não concorda com elas.
Elas estão contribuindo com tanta violência para a atmosfera quanto qualquer outra pessoa.
Elas podem estar falando de amor mas estão dizendo também que você tem de lutar por amor.
Maomé tinha palavras escritas na sua espada dizendo "a paz é a minha mensagem." Ele só pode encontrar uma espada para escrever "a paz é a minha mensagem!" E ele deu origem a uma religião que chamou de "Islã." Islã quer dizer paz e o Islã criou mais violência no mundo do que qualquer outra religião. Em nome da paz, na ponta de uma espada, o Islã tem matado, convertido milhões de pessoas.
Você pode escolher bonitas palavras mas não pode esconder a realidade.
A colocação de J. Krishnamurti de que "Você é o mundo" simplesmente enfatiza o fato de que todo indivíduo, onde quer que esteja, seja lá o que for que faça, deve aceitar a responsabilidade de criar esse mundo que existe ao nosso redor.
Se ele é insano, você contribuiu para essa insanidade da sua própria maneira. Se ele é doente, você também é um parceiro em torná-lo doente. E a ênfase é importante — porque a menos que você compreenda que "eu também sou responsável por esse mundo insano e miserável,"
não existe possibilidade de mudança. Quem vai mudar? Todo mundo acha que alguém mais é responsável.
Um dos maiores imperadores da Índia foi Akbar. Existe um incidente na sua vida registrado no Akbar Namaz — "a biografia de Akbar." Um dia ele estava conversando com seus amigos... E havia ao redor dele as melhores pessoas, mais sábias, mais criativas, escolhidas de todas as
partes do país. O seu bufão estava parado ao lado.
Por falar nisso, você devia saber disso: em todas as cortes de todos os grandes imperadores, existia um bufão cuja única função era evitar que a corte se tornasse séria demais, manter a corte leve, brincalhona — de vez em quando, uma explosão de risadas.
Era uma grande percepção ter um bufão e ele costumava ser uma das pessoas mais sábias daqueles dias — porque não era um fenômeno fácil.
Birbal era o bufão de Akbar. E enquanto eles estavam conversando, Akbar deu um tapa na cara de Birbal — absolutamente sem razão alguma. Mas você não pode bater num imperador, mas o tapa tinha que ir para algum lugar — então, ele bateu na pessoa que estava próxima dele.
Todo mundo pensou, "Isso é estranho!" Em primeiro lugar, não havia razão alguma. De repente, como se uma loucura tivesse possuído Akbar, ele bateu no pobre Birbal. E esse homem também era estranho. Ao invés de perguntar, "Por que você me bateu?" ele simplesmente bateu no homem que estava de pé ao seu lado!
E este homem, talvez pensando que essa era a regra da corte, bateu na pessoa seguinte. Isso foi por toda a corte em cadeia.
E você se surpreenderá: naquela noite, a esposa de Akbar bateu nele! E ele disse, "Por que você está me batendo?"
Ela disse, "Não é essa a questão; um jogo é um jogo."
Ele disse, "Quem lhe disse que isso é um jogo?"
Ela disse, "Temos ouvido durante o dia todo que começou um grande jogo na corte. A única regra é que você não pode bater de volta na pessoa, que você tem de encontrar outra pessoa para bater. E alguém me bateu — então o seu tapa voltou para você, o jogo terminou!" Neste mundo grande, milhares de jogos insanos estão sendo jogados e todos vocês são participantes — é claro, em situações muito pequenas, de acordo com a sua capacidade. Mas lembre-se, o tapa voltará a você mais cedo ou mais tarde. Para onde mais ele irá?
Seja lá o que venha para você, lembre-se, é o seu fazer. Talvez você tenha se esquecido quando começou. O mundo é grande, leva tempo. Mas tudo volta à sua fonte — essa é uma das regras fundamentais da vida, não a regra de um jogo.
Então, se estiver sofrendo, se estiver miserável, se estiver tenso, cheio de ansiedades, angústia, não apenas se console dizendo que este mundo é feio, que todos os demais são feios, que você é uma vítima.
J. Krishnamurti está dizendo que você não é uma vítima, você é um criador deste mundo insano; naturalmente, você tem de participar no resultado de seja lá o que for que tenha contribuído. Você está participando em jogar as sementes, estará participando ao colher a colheita também; você não pode escapar.
Para tornar o indivíduo ciente, de forma que ele pare de jogar a responsabilidade nos outros — do contrário, ele começa a olhar para dentro para ver de que maneira ele está contribuindo para toda essa loucura — existe uma possibilidade de que ele possa parar de contribuir. Porque ele tem de sofrer também. Se ele vem a saber que todo o mundo não é nada mais do que a sua projeção numa escala maior... Porque milhões de indivíduos contribuíram com a mesma raiva, a mesma competitividade, a mesma violência, ela se tornou gigantesca. Você não pode conceber que tenha sido responsável por isso: "Eu posso ter contribuído apenas com uma pequena parte..." Mas um oceano não é nada mais do que milhões e milhões de gotas.
Uma gota não pode pensar que é responsável pelo oceano — mas a gota é responsável. Sem a gota não haveria oceano de maneira alguma. O oceano é apenas um nome; a realidade está na gota.
Aceitar a sua responsabilidade irá transformá-lo e a sua transformação é o começo da transformação do mundo — porque você é o mundo. Seja lá o quão pequeno for, um mundo em miniatura, mas você carrega todas as sementes.
Se a revolução acontece em você, ela carrega a revolução para o mundo todo.
E quando J. Krishnamurti diz "Você é o mundo" ele não está dizendo apenas para você, está dizendo para todo mundo: Você é o mundo. Se você quiser mudar o mundo, não comece mudando o mundo — essa é a maneira errada que a humanidade tem seguido até agora: Mude a sociedade, mude a estrutura econômica. Mude isso, mude aquilo. Mas não mude o indivíduo. Essa é a razão pela qual todas as revoluções falharam. Somente uma revolução pode ser bem sucedida, o que não foi tentado até agora — e essa é a revolução do indivíduo.
Mude você mesmo. Esteja alerta para não contribuir com qualquer coisa que torne o mundo um inferno. E lembre-se de contribuir com alguma coisa para o mundo que o torne um paraíso.
Esse é todo o segredo de uma pessoa religiosa. E se todas as pessoas começam a fazer isso, haverá uma revolução sem qualquer derramamento de sangue.
Existe outro incidente na vida de Akbar. Ele havia construído uma fonte de mármore muito bonita. Estava trazendo cisnes de Mansarovar, nos Himalaias. E decidiu que não deveria haver água na fonte. Essa era a fonte do imperador — ao invés de água, deveria haver leite. Todo mundo na capital foi informado que deveria fornecer um balde de leite, não muito, e que ele deveria chegar ao palácio até a manhã seguinte, cedo, antes do sol nascer.
Birbal falou a Akbar, "Você não entende a mente humana de maneira alguma. A sua fonte estará cheia de água." Ele disse, "Que bobagem...? É a minha ordem!" Birbal disse, "Sua ordem ou ordem de qualquer pessoa — eu compreendo a mente humana."
Akbar disse, "Vamos esperar; amanhã de manhã será decidido quem tem razão."
E na manhã seguinte, ambos foram ao jardim e a fonte estava cheia de água.
Akbar disse, "Isso é estranho. Como aconteceu? Peguem algumas pessoas na estrada, seja quem for, e perguntem como aconteceu." E as pessoas foram ameaçadas: se dissessem alguma mentira, a vida delas estaria em risco; se dissessem a verdade, seriam liberadas.
Elas disseram, "A verdade é que toda a capital traria baldes de leite. Um balde de água seria completamente irrelevante, ninguém jamais viria a saber. Mas agora vejo que a fonte está cheia de água; parece que todo mundo teve o mesmo pensamento — toda a capital! Nenhuma pessoa foi diferente."
A mente humana funciona exatamente da mesma forma. Então, se o mundo está numa tal tragédia, são as nossas mentes humanas que a estão criando; nós estamos contribuindo como o nosso balde cheio de miséria.
Nenhuma revolução pode ter sucesso a menos que a mente humana seja compreendida pelos seres humanos e eles comecem a se comportar de maneira diferente — sem esperar que "O meu balde cheio de água não será notado." Se todo mundo compreender que essa idéia é a que virá para todas as mentes humanas e decidir que, "Pelo menos eu devo levar um balde de leite. Eu não devo me comportar da maneira inconsciente com que todos os seres humanos estão se comportando..."
É possível ter a fonte cheia de leite.
"Você é o mundo" simplesmente significa: seja lá o que for que esteja acontecendo, não podemos nos eximir da responsabilidade. Os nossos monges, os nossos santos, tentaram apenas isso. O que eles estavam tentando fazer, se você for profundamente na psicologia deles, era dizer que, "Nós não somos mais responsáveis por toda essa bobagem que está acontecendo no mundo." Mas eles dependiam do mesmo mundo
Eram dependentes das mesmas pessoas por causa da sua comida; eram dependentes das mesmas pessoas por causa da sua roupa. Não estavam separados do mundo de maneira alguma; apenas cessaram de estar ativos no mundo.
Eram parceiros silenciosos em toda a insanidade que está acontecendo. E eles deveriam ser mais condenados porque eram as pessoas mais inteligentes, mais sábias. Ainda assim, não podiam ver o ponto de que apenas ficando de lado não é o suficiente; você tem de fazer alguma coisas contra a mente humana normal.
Escapar para os Himalaias não vai ajudar porque, mesmo nos Himalaias, a sua mente permanecerá a mesma, apenas você não terá a oportunidade de saber disso. E é melhor conhecer o inimigo do que não conhecê-lo porque, conhecendo, existe uma possibilidade de mudança.
Não conhecer é muito perigoso.
Quando uma doença é diagnosticada, está curada pela metade. Quando uma doença não é diagnosticada, então acontece o problema de verdade. O remédio não é o problema, o diagnóstico é o problema. Um homem viveu nos Himalaias por 30 anos. O seu problema era a raiva e ele queria se livrar dela. Por 30 anos nos Himalaias, ele não teve raiva por um único momento — não havia razão.
A esposa não estava lá, os filhos não estavam lá, os pais não estavam lá, a sociedade não estava lá — não havia provocação.
Pouco a pouco, o seu nome se tornou famoso e as pessoas começaram a vir para venerá-lo. Agora estava ainda mais difícil de se tornar ciente de que a raiva ainda estava lá. Quando as pessoas o estão venerando, não é uma questão de ter raiva.
Então veio a Khumba Mela em Allahabad. As pessoas disseram, "Você é um grande santo. Sem você, a Khumba Mela, a maior reunião de pessoas da Terra num único lugar, estará faltando alguma coisa. Você tem de ir." E agora ele estava convencido de que havia se tornado um grande santo. As pessoas estavam vindo de muito longe, fazendo uma jornada árdua, difícil, através das montanhas, apenas para mostrar o seu respeito por ele.
Ele foi à Khumba Mela mas havia milhões de pessoas — ninguém o conhecia. Alguém pisou o seu pé e imediatamente ele deu um tapa no homem, pegou o seu pescoço e disse, "O que você acha que está fazendo?" De repente, se lembrou de que era um santo. Ele disse, "Meu Deus, o que estou fazendo? O que aconteceu com os 30 anos? A raiva veio tão rapidamente, tão instantaneamente, nem um momento de pensamento." Ele estava por matar o homem.
Essa era a razão pela qual fora para os Himalaias — porque estava com medo de que mataria alguém e seria crucificado ou teria que viver toda a vida na prisão.
Até mesmo a sua família havia dito, "Seria bom que você fosse para os Himalaias porque você matará alguém e isso significa que você matou a si mesmo também. Dessa maneira, duas vidas são salvas. Vá" Mas 30 anos... O que aconteceu?
É um fato simples: as pessoas que escaparam do mundo não acham que são responsáveis por este mundo. Escapando, elas não mudaram o mundo. Escapando, não contribuíram em nada para torná-lo mais bonito, mais humano, mais inteligente, mais meditativo. Nem elas mudaram o mundo nem passaram por uma mudança interna nelas mesmas. Por essa razão eu sou contra renunciar ao mundo.
Fique no mundo, seja lá o quão difícil for — porque é apenas no mundo que será lembrado, em cada passo, que tipo de mente você está carregando por dentro.
E essa mente é projetada no lado de fora e se torna enorme porque tantas mentes estão projetando da mesma maneira.
"Você é o mundo" não é uma colocação matemática.
"Você é o mundo" é um insight psicológico.
E pode se tornar a própria chave para a única revolução que pode acontecer.
Osho; Sermons in Stones
A colocação de J. Krishnamurti de que "Você é o mundo" não é confusa de maneira alguma. É muito simples; é necessário apenas uma pequena inteligência para compreendê-la.
Podemos tentar abordar a colocação a partir de muitas diferentes direções. O mundo é apenas um nome; o indivíduo é a realidade. Você pode continuar tentando encontrar o mundo em toda parte e não irá encontrá-lo; você sempre encontrará o indivíduo.
Palavras como o "mundo," a "sociedade," a "religião," a "nação," são meras palavras sem nenhum conteúdo por trás delas — caixas vazias.
Exceto você, não existe mundo.
Essa é uma maneira de compreender a colocação: que o indivíduo é a única realidade. E o mundo não é nada mais do que a coletividade de indivíduos, então, seja lá o que for, é uma contribuição de indivíduos. Se for feio, você contribuiu para a feiúra. Se estiver cheio de ódio, inveja, raiva, ambição, cobiça, você contribuiu para todo este inferno no qual estamos vivendo. Você não pode jogar a responsabilidade em alguém mais; você tem de aceitar a responsabilidade sobre os seus próprios ombros.
Esta é outra maneira de compreender a colocação "Você é o mundo."
Estamos continuamente passando a responsabilidade adiante. Se existe guerra, se existe um Adolf Hitler, um Ronald Reagan, torna-se fácil para nós apontar para essas pessoas e dizer que elas são responsáveis. Mas quem as cria?
Adolf Hitler é nossa contribuição. Sem nós, ele é um ninguém. Ronald Reagan não é nada além da nossa opinião. É o nosso voto, é o nosso apoio.
Então, no momento em que você condena alguém, lembre-se: você está condenando a si mesmo. Seja lá o quão indireta seja a sua contribuição, ela existe.
É possível viver como um monge jaina ou um monge budista ou um monge católico num mosteiro, completamente fechado no que concerne ao mundo. Existem mosteiros no Tibet...havia muitos na China antes da revolução comunista. Existem alguns na Europa com uma longa e estranha história. O mosteiro em Athos, na Europa, tem mil anos de existência. Em mil anos, seja quem for que tenha entrado no mosteiro, não saiu vivo. Você apenas entra: uma vez monge, monge para sempre. E o mosteiro não permite que os seus ocupantes saiam para o mundo; são trazidos para fora apenas quando estão mortos.
Você acha que eles não são responsáveis por Adolf Hitler? Eles não são responsáveis por guerras mundiais? Aparentemente não... Como se pode responsabilizar essas pessoas? — que deixaram o mundo, que nunca olharam para trás, que se desconectaram do mundo.
Mas, ainda assim, eu lhes digo que eles são responsáveis. São responsáveis por escapar — eles escaparam da sua responsabilidade. Não faz qualquer diferença.
Os monges budistas, os monges jaina, os monges hindus não participam das atividades mundanas. Mas você pode contribuir de uma maneira positiva ou você pode contribuir de uma maneira negativa.
Você pode colocar fogo nessa casa — essa é a maneira positiva, a maneira ativa. Você pode ficar ao lado, de pé, na rua e não fazer nada para apagar o fogo — essa é a maneira negativa. Mas ambas são responsáveis.
A pessoa negativa não parece tão responsável, mas a sua responsabilidade é absolutamente igual — porque existe um equilíbrio na vida.
Você pode ser contra a guerra, pode ser um pacifista, pode ser um manifestante crônico — sempre com uma bandeira protestando contra a guerra, contra a violência. Naturalmente, você pode dizer, "Como posso ser responsabilizado?" Mas a vida é um fenômeno complexo.
Os seus protestos, o seu pacifismo, a sua luta contra a guerra ainda é parte da guerra; você não é um homem de paz. E você pode observar isso quando as pessoas protestam — a sua raiva, a sua violência é tão óbvia que a gente pensa por que essas pessoas estão protestando contra a guerra. Elas deveriam se juntar a algum lado da guerra — elas estão cheias de raiva, ódio. Elas simplesmente escolheram ter um terceiro lado atrás de um nome bonito — "paz."
Uma boa máscara, mas por dentro está a mesma raiva, o mesmo ódio, a mesma violência, a mesma destrutividade contra qualquer pessoa que não concorda com elas.
Elas estão contribuindo com tanta violência para a atmosfera quanto qualquer outra pessoa.
Elas podem estar falando de amor mas estão dizendo também que você tem de lutar por amor.
Maomé tinha palavras escritas na sua espada dizendo "a paz é a minha mensagem." Ele só pode encontrar uma espada para escrever "a paz é a minha mensagem!" E ele deu origem a uma religião que chamou de "Islã." Islã quer dizer paz e o Islã criou mais violência no mundo do que qualquer outra religião. Em nome da paz, na ponta de uma espada, o Islã tem matado, convertido milhões de pessoas.
Você pode escolher bonitas palavras mas não pode esconder a realidade.
A colocação de J. Krishnamurti de que "Você é o mundo" simplesmente enfatiza o fato de que todo indivíduo, onde quer que esteja, seja lá o que for que faça, deve aceitar a responsabilidade de criar esse mundo que existe ao nosso redor.
Se ele é insano, você contribuiu para essa insanidade da sua própria maneira. Se ele é doente, você também é um parceiro em torná-lo doente. E a ênfase é importante — porque a menos que você compreenda que "eu também sou responsável por esse mundo insano e miserável,"
não existe possibilidade de mudança. Quem vai mudar? Todo mundo acha que alguém mais é responsável.
Um dos maiores imperadores da Índia foi Akbar. Existe um incidente na sua vida registrado no Akbar Namaz — "a biografia de Akbar." Um dia ele estava conversando com seus amigos... E havia ao redor dele as melhores pessoas, mais sábias, mais criativas, escolhidas de todas as
partes do país. O seu bufão estava parado ao lado.
Por falar nisso, você devia saber disso: em todas as cortes de todos os grandes imperadores, existia um bufão cuja única função era evitar que a corte se tornasse séria demais, manter a corte leve, brincalhona — de vez em quando, uma explosão de risadas.
Era uma grande percepção ter um bufão e ele costumava ser uma das pessoas mais sábias daqueles dias — porque não era um fenômeno fácil.
Birbal era o bufão de Akbar. E enquanto eles estavam conversando, Akbar deu um tapa na cara de Birbal — absolutamente sem razão alguma. Mas você não pode bater num imperador, mas o tapa tinha que ir para algum lugar — então, ele bateu na pessoa que estava próxima dele.
Todo mundo pensou, "Isso é estranho!" Em primeiro lugar, não havia razão alguma. De repente, como se uma loucura tivesse possuído Akbar, ele bateu no pobre Birbal. E esse homem também era estranho. Ao invés de perguntar, "Por que você me bateu?" ele simplesmente bateu no homem que estava de pé ao seu lado!
E este homem, talvez pensando que essa era a regra da corte, bateu na pessoa seguinte. Isso foi por toda a corte em cadeia.
E você se surpreenderá: naquela noite, a esposa de Akbar bateu nele! E ele disse, "Por que você está me batendo?"
Ela disse, "Não é essa a questão; um jogo é um jogo."
Ele disse, "Quem lhe disse que isso é um jogo?"
Ela disse, "Temos ouvido durante o dia todo que começou um grande jogo na corte. A única regra é que você não pode bater de volta na pessoa, que você tem de encontrar outra pessoa para bater. E alguém me bateu — então o seu tapa voltou para você, o jogo terminou!" Neste mundo grande, milhares de jogos insanos estão sendo jogados e todos vocês são participantes — é claro, em situações muito pequenas, de acordo com a sua capacidade. Mas lembre-se, o tapa voltará a você mais cedo ou mais tarde. Para onde mais ele irá?
Seja lá o que venha para você, lembre-se, é o seu fazer. Talvez você tenha se esquecido quando começou. O mundo é grande, leva tempo. Mas tudo volta à sua fonte — essa é uma das regras fundamentais da vida, não a regra de um jogo.
Então, se estiver sofrendo, se estiver miserável, se estiver tenso, cheio de ansiedades, angústia, não apenas se console dizendo que este mundo é feio, que todos os demais são feios, que você é uma vítima.
J. Krishnamurti está dizendo que você não é uma vítima, você é um criador deste mundo insano; naturalmente, você tem de participar no resultado de seja lá o que for que tenha contribuído. Você está participando em jogar as sementes, estará participando ao colher a colheita também; você não pode escapar.
Para tornar o indivíduo ciente, de forma que ele pare de jogar a responsabilidade nos outros — do contrário, ele começa a olhar para dentro para ver de que maneira ele está contribuindo para toda essa loucura — existe uma possibilidade de que ele possa parar de contribuir. Porque ele tem de sofrer também. Se ele vem a saber que todo o mundo não é nada mais do que a sua projeção numa escala maior... Porque milhões de indivíduos contribuíram com a mesma raiva, a mesma competitividade, a mesma violência, ela se tornou gigantesca. Você não pode conceber que tenha sido responsável por isso: "Eu posso ter contribuído apenas com uma pequena parte..." Mas um oceano não é nada mais do que milhões e milhões de gotas.
Uma gota não pode pensar que é responsável pelo oceano — mas a gota é responsável. Sem a gota não haveria oceano de maneira alguma. O oceano é apenas um nome; a realidade está na gota.
Aceitar a sua responsabilidade irá transformá-lo e a sua transformação é o começo da transformação do mundo — porque você é o mundo. Seja lá o quão pequeno for, um mundo em miniatura, mas você carrega todas as sementes.
Se a revolução acontece em você, ela carrega a revolução para o mundo todo.
E quando J. Krishnamurti diz "Você é o mundo" ele não está dizendo apenas para você, está dizendo para todo mundo: Você é o mundo. Se você quiser mudar o mundo, não comece mudando o mundo — essa é a maneira errada que a humanidade tem seguido até agora: Mude a sociedade, mude a estrutura econômica. Mude isso, mude aquilo. Mas não mude o indivíduo. Essa é a razão pela qual todas as revoluções falharam. Somente uma revolução pode ser bem sucedida, o que não foi tentado até agora — e essa é a revolução do indivíduo.
Mude você mesmo. Esteja alerta para não contribuir com qualquer coisa que torne o mundo um inferno. E lembre-se de contribuir com alguma coisa para o mundo que o torne um paraíso.
Esse é todo o segredo de uma pessoa religiosa. E se todas as pessoas começam a fazer isso, haverá uma revolução sem qualquer derramamento de sangue.
Existe outro incidente na vida de Akbar. Ele havia construído uma fonte de mármore muito bonita. Estava trazendo cisnes de Mansarovar, nos Himalaias. E decidiu que não deveria haver água na fonte. Essa era a fonte do imperador — ao invés de água, deveria haver leite. Todo mundo na capital foi informado que deveria fornecer um balde de leite, não muito, e que ele deveria chegar ao palácio até a manhã seguinte, cedo, antes do sol nascer.
Birbal falou a Akbar, "Você não entende a mente humana de maneira alguma. A sua fonte estará cheia de água." Ele disse, "Que bobagem...? É a minha ordem!" Birbal disse, "Sua ordem ou ordem de qualquer pessoa — eu compreendo a mente humana."
Akbar disse, "Vamos esperar; amanhã de manhã será decidido quem tem razão."
E na manhã seguinte, ambos foram ao jardim e a fonte estava cheia de água.
Akbar disse, "Isso é estranho. Como aconteceu? Peguem algumas pessoas na estrada, seja quem for, e perguntem como aconteceu." E as pessoas foram ameaçadas: se dissessem alguma mentira, a vida delas estaria em risco; se dissessem a verdade, seriam liberadas.
Elas disseram, "A verdade é que toda a capital traria baldes de leite. Um balde de água seria completamente irrelevante, ninguém jamais viria a saber. Mas agora vejo que a fonte está cheia de água; parece que todo mundo teve o mesmo pensamento — toda a capital! Nenhuma pessoa foi diferente."
A mente humana funciona exatamente da mesma forma. Então, se o mundo está numa tal tragédia, são as nossas mentes humanas que a estão criando; nós estamos contribuindo como o nosso balde cheio de miséria.
Nenhuma revolução pode ter sucesso a menos que a mente humana seja compreendida pelos seres humanos e eles comecem a se comportar de maneira diferente — sem esperar que "O meu balde cheio de água não será notado." Se todo mundo compreender que essa idéia é a que virá para todas as mentes humanas e decidir que, "Pelo menos eu devo levar um balde de leite. Eu não devo me comportar da maneira inconsciente com que todos os seres humanos estão se comportando..."
É possível ter a fonte cheia de leite.
"Você é o mundo" simplesmente significa: seja lá o que for que esteja acontecendo, não podemos nos eximir da responsabilidade. Os nossos monges, os nossos santos, tentaram apenas isso. O que eles estavam tentando fazer, se você for profundamente na psicologia deles, era dizer que, "Nós não somos mais responsáveis por toda essa bobagem que está acontecendo no mundo." Mas eles dependiam do mesmo mundo
Eram dependentes das mesmas pessoas por causa da sua comida; eram dependentes das mesmas pessoas por causa da sua roupa. Não estavam separados do mundo de maneira alguma; apenas cessaram de estar ativos no mundo.
Eram parceiros silenciosos em toda a insanidade que está acontecendo. E eles deveriam ser mais condenados porque eram as pessoas mais inteligentes, mais sábias. Ainda assim, não podiam ver o ponto de que apenas ficando de lado não é o suficiente; você tem de fazer alguma coisas contra a mente humana normal.
Escapar para os Himalaias não vai ajudar porque, mesmo nos Himalaias, a sua mente permanecerá a mesma, apenas você não terá a oportunidade de saber disso. E é melhor conhecer o inimigo do que não conhecê-lo porque, conhecendo, existe uma possibilidade de mudança.
Não conhecer é muito perigoso.
Quando uma doença é diagnosticada, está curada pela metade. Quando uma doença não é diagnosticada, então acontece o problema de verdade. O remédio não é o problema, o diagnóstico é o problema. Um homem viveu nos Himalaias por 30 anos. O seu problema era a raiva e ele queria se livrar dela. Por 30 anos nos Himalaias, ele não teve raiva por um único momento — não havia razão.
A esposa não estava lá, os filhos não estavam lá, os pais não estavam lá, a sociedade não estava lá — não havia provocação.
Pouco a pouco, o seu nome se tornou famoso e as pessoas começaram a vir para venerá-lo. Agora estava ainda mais difícil de se tornar ciente de que a raiva ainda estava lá. Quando as pessoas o estão venerando, não é uma questão de ter raiva.
Então veio a Khumba Mela em Allahabad. As pessoas disseram, "Você é um grande santo. Sem você, a Khumba Mela, a maior reunião de pessoas da Terra num único lugar, estará faltando alguma coisa. Você tem de ir." E agora ele estava convencido de que havia se tornado um grande santo. As pessoas estavam vindo de muito longe, fazendo uma jornada árdua, difícil, através das montanhas, apenas para mostrar o seu respeito por ele.
Ele foi à Khumba Mela mas havia milhões de pessoas — ninguém o conhecia. Alguém pisou o seu pé e imediatamente ele deu um tapa no homem, pegou o seu pescoço e disse, "O que você acha que está fazendo?" De repente, se lembrou de que era um santo. Ele disse, "Meu Deus, o que estou fazendo? O que aconteceu com os 30 anos? A raiva veio tão rapidamente, tão instantaneamente, nem um momento de pensamento." Ele estava por matar o homem.
Essa era a razão pela qual fora para os Himalaias — porque estava com medo de que mataria alguém e seria crucificado ou teria que viver toda a vida na prisão.
Até mesmo a sua família havia dito, "Seria bom que você fosse para os Himalaias porque você matará alguém e isso significa que você matou a si mesmo também. Dessa maneira, duas vidas são salvas. Vá" Mas 30 anos... O que aconteceu?
É um fato simples: as pessoas que escaparam do mundo não acham que são responsáveis por este mundo. Escapando, elas não mudaram o mundo. Escapando, não contribuíram em nada para torná-lo mais bonito, mais humano, mais inteligente, mais meditativo. Nem elas mudaram o mundo nem passaram por uma mudança interna nelas mesmas. Por essa razão eu sou contra renunciar ao mundo.
Fique no mundo, seja lá o quão difícil for — porque é apenas no mundo que será lembrado, em cada passo, que tipo de mente você está carregando por dentro.
E essa mente é projetada no lado de fora e se torna enorme porque tantas mentes estão projetando da mesma maneira.
"Você é o mundo" não é uma colocação matemática.
"Você é o mundo" é um insight psicológico.
E pode se tornar a própria chave para a única revolução que pode acontecer.
Osho; Sermons in Stones
Os homens distinguem-se entre si também neste caso: alguns primeiro pensam, depois falam e, em seguida, agem; outros, ao contrário, primeiro falam, depois agem e, por fim, pensam.
Léon Tolstoi
dropsastrais - Lua em Libra:
ondula
na linha fina
elegante
e bailarina
flutua
na brisa leve
flâmula
e farol
balança
levada
chama pra dançar
na paz
beleza sem par
na guerra
ela quer casar
depois pondera
pede calma
vai e volta
cheia de ideias
balança
levada
menina dos olhos vendados
tremula
sobre abismos
às vezes perde o prumo
mas não cai
Amanda costa
ondula
na linha fina
elegante
e bailarina
flutua
na brisa leve
flâmula
e farol
balança
levada
chama pra dançar
na paz
beleza sem par
na guerra
ela quer casar
depois pondera
pede calma
vai e volta
cheia de ideias
balança
levada
menina dos olhos vendados
tremula
sobre abismos
às vezes perde o prumo
mas não cai
Amanda costa
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Gregório de Matos
domingo, 22 de maio de 2011
Freud explicando
“... [a religião é] um sistema de doutrinas e promessas que, por um lado, lhe explicam os enigmas deste mundo com perfeição invejável e que, por outro lado, lhe garantem que uma Providência cuidadosa velará por sua vida e o compensará, numa existência futura, de quaisquer frustrações que tenha experimentado aqui. O homem comum só pode imaginar essa Providência sob a figura de um pai ilimitadamente engrandecido. Apenas um ser desse tipo pode compreender as necessidades dos filhos dos homens, enternecer-se com suas preces e aplacar-se com os sinais de seu remorso. Tudo é tão patentemente infantil, tão estranho à realidade, que, para qualquer pessoa que manifeste uma atitude amistosa em relação à humanidade, é penoso pensar que a grande maioria dos mortais nunca será capaz de superar essa visão da vida. Mais humilhante ainda é descobrir como é vasto o número de pessoas de hoje que não podem deixar de perceber que essa religião é insustentável e, não obstante isso, tentam defendê-la, item por item, numa série de lamentáveis atos retrógrados.”
CLARIDADE
Nas trevas vejo
em dia estou
No que me alaga
dono não sou
Um rio
esboroado
p’las lágrimas
que de mim brotam
O montante derrama
cristais de luz
- saudades –
que meu estuário banham
Escorro a jusante
de abraço a
outras águas
tamanhos mares
D’alguém
por fim resvalam prantos
O nenhures greta
tísica de sede
Desmesuradamente
Inundo algures!
sérgio matos
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